CAPÍTULO 4: SOBREVIVENDO AO GENOCIDIO CAMBOJANO [1975-1979]
Em 16 de Abril de 1975, os Estados Unidos evacuaram a embaixada dos EUA em Phnom Penh e terminaram a guerra de seis anos dos norte-americanos no Camboja contra os comunistas vietnamitas. O mundo tinha abandonado o Camboja em sua fé. Na madrugada de 17 de abril, o Khmer Vermelho entrou em Phnom Penh e por um breve momento, havia um sentimento de esperança e celebração, que começou sério com as pessoas tomando as ruas e torcendo pela paz. No entanto, a celebração foi breve, com o Khmer Vermelho mostrando suas cores verdadeiras, com a evacuação forçada de 2,5 milhões de pessoas da cidade no período da tarde.
|
O Khmer Vermelho anunciou pelos alto-falantes para que todos evacuassem imediatamente, como se um bombardeio dos americanos fosse eminente e que esta evacuação duraria apenas três dias. De dentro nossa casa, podíamos ouvir o anúncio junto com o ruído caótico das multidões, misturado com tiros e explosões. O Khmer Vermelho foi indo de porta em porta, para forçar todos à evacuar. Aqueles que não cumpriam eram baleados ou explodidos por granadas. Meu pai relutantemente abriu a porta para um pequeno grupo de jovens do Khmer Vermelho vestidos de pijama preto. Eles ameaçaram atirar se não saissemos imediatamente. Meu pai imediatamente reuniu a família, junto com o nosso carrinho de comida de emergência contendo sacos de arroz, sal, água, potes e panelas portáteis e kits médicos. Era normal para a maioria das famílias, preparar um kit alimentar de emergência devido à guerra e bombardeios americanos constantes. Uma vez fora, nós fomos forçados a marchar com a multidão de centenas de milhares de desabrigados. Foi muito caótico, pois nós tentávamos nos integrar e nos mover com as multidões. O Khmer Vermelho bloqueava e forçava para que seguíssemos para o local onde as pessoas deveriam marchar. Nós continuamos a marchar na evacuação em massa por três dias dentro da cidade. Aqueles que não cumpriam com as suas exigências eram baleados. Esta foi a tática de impor o medo no meio do caos e controlar o tráfego com o qual eles transportaram os 2,5 milhões de moradores da cidade, em pequenos barcos para o interior. Durante estes três dias de evacuação em massa, ninguém foi poupado e muitas pessoas morreram baleadas, por explosões, doentes e feridos, os idosos, devido ao calor escaldante de abril, que é normalmente o mês mais quente do ano, e também os evacuados mal preparados. Em minha juventude, eu testemunhei muitas pessoas morrerem. O Khmer Vermelho em seguida forçou as pessoas a entrar a bordo de barcos lotados, que levavam os moradores da cidade para vários lugares distantes no campo. O mapa abaixo ilustra as rotas de evacuação da cidade em todo o Camboja. A evacuação em massa em Phnom Penh, está classificada como a número 1 entre as Top 10 marchas crueis para a morte da História Moderna, de acordo com Ranking de marchas cruéis para a morte do site Newstrack.
Fonte do Mapa: Redesenhado pelo author do material impresso distribuído em “Choeung Ek Genocidal Center” www.cekillingfield.com
Fonte Ranking de Marchas para morte: http://www.thenewstrack.com/top-10-cruel-death-marches-from-modern-history/
Fonte do Mapa: Redesenhado pelo author do material impresso distribuído em “Choeung Ek Genocidal Center” www.cekillingfield.com
Fonte Ranking de Marchas para morte: http://www.thenewstrack.com/top-10-cruel-death-marches-from-modern-history/
A evacuação da capital Phnom Penh do Camboja, tem pouca distinção entre a linha que separa as marchas da morte e as deslocações de população. As forças que também se tornariam conhecidas como Khmer Vermelho, apenas foram um presságio para o regime brutal do Pol Pot com a evacuação forçada da cidade, no dia 17 de Abril do ano de 1975. Eles também alegaram que só iria durar cerca de três dias. Phnom Penh também permaneceu quase vazia por cerca de três anos.
Minha família foi presa, juntamente com muitos outros no rio Mekong em direção às rotas do sul. Uma vez em terra, o Khmer Vermelho nos dividiu em grupos menores. O nosso grupo de cerca de 60 famílias, andou vários dias para chegar a uma pequena aldeia perto da fronteira vietnamita. Esta aldeia tinha sido preparada para a chegada com cabanas pré-construídas de palha. Cada família foi colocada em uma destas pequenas cabanas muito mal construída, e que quando chovia, havia gotejamentos por todos os lugares. Elas estavam vazias, sem cama ou qualquer outro mobiliário. Dormíamos no chão de terra e tínhamos a nossa casa, de acordo com o que fomos capazes de transportar de Phnom Penh. O líder da aldeia realizou uma reunião em que todos deveriam participar. Na reunião, ele nos chamou de "pessoas novas" e disse que pertencíamos a Angka sob seu comando. Deveríamos fazer o que Angka nos dizia para fazer. Deveríamos obedecer Angka. Os moradores da cidade foram considerados "pessoas novas", que representavam os males do capitalismo, pois o Khmer Vermelho acreditava que as "pessoas antigas" ou camponeses, eram os únicos membros produtivos da sociedade nova. Angka é a "Organização" sem rosto que deveríamos obedecer. Houve reuniões de propaganda noturnas para difundir a ideologia do Khmer Vermelho.
O Khmer Vermelho nos forçou todos a trabalhar imediatamente. Os adultos trabalhavam na preparação dos diques e plantações nos campos de arroz. As crianças, incluindo meu irmão e eu, como búfalos de água, utilizados para arar os campos de arroz e às vezes agírmos como espantalhos humanos nos campos durante a colheita. Também fomos obrigados a carregar fardos de palha de arroz. Minha irmã mais velha tomava conta de minha irmã mas nova. O Khmer Vermelho nos forçou a trabalhar todos os dias, desde muito cedo até tarde da noite. Isso era especialmente difícil para meu pai, pois ele estava acostumado à vida próspera da cidade. Meu pai percebeu que não tinha escolha a não ser forçar-se a se adaptar rapidamente. Ele conseguiu se misturar como um trabalhador camponês, mas com grande dificuldade. Minha mãe por outro lado, era uma senhora resistente e se adaptou com a vida de trabalho de lavradora quase imediatamente. Alguns moradores da cidade que não realizavam ou tiveram dificuldades de adaptação à vida camponesa foram disciplinados, às vezes severamente e com alguns até privados de qualquer alimento. As crianças, incluindo meu irmão e eu, se adaptavam rapidamente para as tarefas diárias. Como alimento, a cada pessoa era dada uma pequena xícara de arroz por dia. Ao receber a taça de arroz do Khmer Vermelho, eles olhavam para você e se não gostassem por algum motivo, esfregavam o dedo indicador dentro do copo, dando-lhe menos arroz. Para começar, como não havia arroz suficiente, isso fazia uma diferença enorme. Mas nós não estávamos em posição de reclamar ou de qualquer forma que se atrevesse a sequer olhar para o Khmer Vermelho, pois poderíamos não obter qualquer arroz, ou até mesmo sermos punidos. Então, nós sempre mantivemos nossa cabeça baixa e mostrando apreço. Completa obediência é o que nós aprendemos ao longo do tempo para sobreviver. Mas isso parecia acontecer sempre com a minha família e algumas outras famílias étnicas, como os vietnamitas e os chineses. Talvez, havia algo sobre meus pais que eles não gostavam. Logo no início, o Khmer Vermelho nos permitiu complementar a nossa comida, dando a cada um dos membros da família permissão escrita de caminhar uma vez por semana, para uma aldeia vizinha em busca de alimento adicional, com as "pessoas antigas" ou camponeses locais. A aldeia vizinha ficava a cerca de 6 km de distância. Éramos sempre a minha mãe, meu irmão, e eu, que fazíamos esta viagem semanal. Uma vez na aldeia, íamos de porta em porta pedindo arroz, sal, frango, óleo de cozinha, vegetais ou qualquer coisa que eles pudessem nos doar para nos ajudar. No entanto, alguns dos camponeses eram extremamente rudes conosco, porque eles se ressentiam das "pessoas novas", ou pessoas da cidade. No entanto, conseguimos encontrar alguns bons camponeses que estavam dispostos a nos ajudar com tudo o que podiam. Às vezes recebíamos apenas um pouco de arroz ou legumes, mas outras vezes tínhamos sorte e nos eram dadas algumas partes de um frango.
Com o passar do tempo, meus pais perceberam que as coisas estavam piorando. Anteriormente, o meu pai e minha mãe tinham mentido para o Khmer Vermelho, dizendo que ele era um motorista de um carro simples para uma empresa de entregas e ela era uma simples menina camponesa que havia migrado para Phnom Penh, para trabalhar como costureira. Meu pai estava pronto para provar que ele poderia dirigir um carro ou caminhão se fosse testado, sabendo que possuir um carro na época seria considerado um privilégio e poderia levar ele e sua família à morte. Da mesma forma, minha mãe tinha naturalidade, com um talento especial para adquirir novas habilidades rapidamente, tanto que o Khmer Vermelho já havia observado a sua capacidade de executar e suportar longas horas nos arrozais. Meus pais tinham testemunhado duas famílias vietnamitas levadas pelo Khmer Vermelho, susceptíveis de serem executadas. Vivendo com esse medo, meus pais enraizaram em todos nós, que não éramos ricos em Phnom Penh e que o pai era um motorista de carro simples para uma empresa de entrega, e minha mãe era costureira do campo que havia migrado para Phnom Penh, a partir de uma aldeia vizinha. Eramos cambojanos e que todos nós havíamos nascido em Phnom Penh. Nos disseram ainda, que eles não sabiam ler ou escrever e realizavam trabalhos que não dependiam de inteligência. Minha mãe nos fez repetir essas histórias até que acreditássemos neles. Minha mãe queria garantir que se o Khmer Vermelho questionasse qualquer um de seus filhos a respeito de nosso status e do passado, que seriamos consistentes pois qualquer desvio poderia levar-nos todos à morte. Certamente, uma noite Angka convocou uma reunião apenas com os filhos. Na reunião, eles disseram que Angka nos amou e que nós éramos o futuro da Angka. Eles nos encorajaram a informar sobre os nossos pais e contar se eles eram ricos, educados, médicos, advogados, professores, empresários, etc. Angka dizia que se você fizesse, você seria recompensado com alimentos. Meus irmãos e eu, lembramos do que a nossa mãe nos disse e mantivemos o silêncio com a cabeça abaixada. Havia algumas crianças que orgulhosamente se levantaram e confessaram sobre seus pais. Mal sabiam eles, como eram apenas crianças, que estavam enviando seus pais e a si mesmos aos campos de extermínio. Meu pai nunca terminou o ensino médio, pois ele teve que abandonar os estudos para sustentar sua família quando seu pai ficou doente. Minha mãe também não terminou o ensino médio, então tudo se encaixou com suas histórias, e provou ser uma bênção para nos ajudar a sobreviver. O Khmer Vermelho tinha começado sua campanha de culto mortal de limpeza dos ricos, os profissionais como médicos, advogados e professores; artistas; incluindo monges budistas religiosos; qualquer pessoa com laços com o governo anterior de Lon Nol; qualquer pessoa capaz de ler ou escrever; os grupos étnicos minoritários, como os vietnamitas, os muçulmanos Cham, e os chineses. Os melhores e mais brilhantes do Camboja foram sistematicamente mortos e enterrados em valas comuns, conhecidos como os campos da matança.
Em uma ocasião, no final da noite um pequeno grupo de Khmer Vermelho veio a nossa cabana para questionar meu pai e talvez estavam preparados para levar toda a nossa família. Foi por causa de uma acusação dada por um jovem rapaz, que estava com meu pai no início da noite e que quando foi pego roubando grãos de arroz crús nos campos de arroz, o adulto que estava com ele fugiu. Meu pai estava em choque e sem fala. Depois de se recompor, e sabendo que isso era muito sério, ele educadamente disse que isso não era absolutamente verdade, pois ele e sua família estavam apenas em uma reunião familiar noturna da aldeia. O Khmer Vermelho respondeu em voz alta, dizendo que as crianças nunca mentiam. Meu pai educadamente, mas muito nervoso, pediu-lhes para verificar com o líder da aldeia, que poderia confirmar que ele nos viu em seu encontro. Felizmente, nossa história foi confirmada e fomos poupados. No entanto, continuamos a viver no medo constante. Alguns meses mais tarde, uma vez que os campos de arroz haviam sido colhidos, o Khmer Vermelho obrigou a todos na aldeia a mudar para uma outra aldeia muito maior e com muito mais pessoas. Nós caminhamos por um dia, e depois fomos transportados de barco para Battambang. Uma vez em Battambang, nós caminhamos por mais um dia para chegar a uma aldeia rural. Todos os recém-chegados foram forçados a viver com uma família já existente na mesma cabana cheia, ou na parte inferior de uma cabana de já habitada por outra família existente. Fomos colocados na parte inferior de uma cabana porque havia seis de nós. Meus pais foram divididos em grupos de trabalho separados. Minha irmã mais velha foi deixada para cuidar de sua irmã bebê. Meu irmão e eu fomos levados junto com outras crianças para um campo de trabalho juvenil. Eu tinha acabado de chegar ao meu sétimo aniversário. Minha mãe pedia desesperadamente ao Khmer Vermelho para permitir que eu ficasse com ela, mas eles à forçaram, empurrando-a para o lado e ameaçando bater nela.
No campo de trabalho juvenil, havia algumas centenas de crianças e fomos informados de que já não precisaríamos de nossos pais e que pertencíamos a Angka. Existiam vários complexos habitacionais comuns em que eles separavam os meninos e as meninas. Eles ainda separaram as crianças em grupos de 15 a 20. Cada grupo era liderado por um jovem soldado do Khmer Vermelho e seus grupos adolescentes. Meu irmão e eu fomos colocados em grupos de trabalho separados e em alas separadas, pois o conceito de família era estritamente proibido. Não haviam camas, cobertores, e espaço suficiente para nós. À noite, dormíamos no chão de madeira em uma área aberta cheia de crianças. Lembro-me de receber frequentes picadas de insetos e arranhões por lascas de madeira à noite. Nenhum de nós era autorizado a falar com o outro. Cada um de nós vivia num mundo de silêncio entre as outras crianças. Eu estava extremamente assustado e ainda forçado a crescer para cuidar de mim mesmo. Nós éramos tratados duramente, forçados a acordar às 5 horas da manhã para começar o dia de trabalho. No início, havia alguns de nós que tinham dificuldades em levantar tão cedo de manhã e choravam. Depois de serem disciplinados com varas de bambú, nós nunca mais chorávamos ou nos queixávamos novamente. Em uma idade tão jovem, eu tinha muitas saudades da minha mãe, mas eu tinha muito medo de chorar ou mostrar qualquer emoção. Eu me segurava e seguia as regras para sobreviver. Ficava sempre calmo, mantinha minha cabeça baixa e nunca olhava para o grupo de jovens ou o Khmer Vermelho diretamente, a fim de não provocar ou dar-lhes uma razão para me punir. Algumas crianças foram punidas por nenhuma razão, punições que variavam entre ser empurrado, menosprezado, e até não receber comida. Eu vivia em constante medo e sofria uma alta ansiedade ao sinal do Khmer Vermelho ou seus grupos designados. Fomos forçados a trabalhar com a colheita no campo de arroz de trigo, levando o trigo, fertilizando o campo de arroz, construindo pequenos reservatórios de água, e no seu plantio. Haviam reuniões de propaganda pelo Khmer Vermelho toda as noites, onde continuaram a lavagem cerebral em todos nós. Recebíamos duas refeições por dia, uma no almoço e outra no jantar. A refeição era nada mais do que uma pequena tigela de mingau de arroz aguado. Com o passar do tempo, cada tigela de mingau de arroz tornou-se mais e mais aguada. À noite eu me sentia solitário, mas mais importante, eu sentia muita saudade da minha mãe. Eles mantiveram o meu irmão mais velho longe de mim, pois o conceito de família não era permitido. Eu me sentia sujo e cansado, mas principalmente com fome e frio durante a noite para se preocupar ou ter qualquer desconforto. Sentia-me triste e desanimado com o passar do tempo.
O Khmer Vermelho promoveu as crianças que eram verdadeiramente das "antigas" famílias camponesas para seu grupo de jovens. Eles serviram como guardas para manter um olho em todos nós ao longo do dia. Esses ignorantes jovens eram os mais perigosos, pois apreciavam seu novo poder concedido diante das "novas" crianças moradoras da cidade. Gostavam de denunciar e nos punir por menor que fosse a infração, e por vezes, por nenhuma razão. Eles tornaram muito difícil para mim procurar meu irmão mais velho, uma vez que o conceito de família foi abandonado junto com a fala e o agrupamento, não era possível chegar perto de ninguém. Na verdade, eu fingia não perceber o meu irmão quando eu o avistava de vez em quando de longe. Eu estava com muito medo de ser pego e punido por sequer pensar em desobedecer. Vivia com um medo constante. Então eu aprendi a guardar tudo para mim mesmo. Uma noite, o Khmer Vermelho e os recém-promovidos grupos de jovens, nos puseram em uma celebração. Eles nos forneceram todo o mingau de arroz que podíamos comer. Não necessário dizer, que como eu estava com muita fome, eu comi tanto e tão rápido que até me senti mal. Na verdade, algumas das crianças ficaram doentes de tanto comer e vomitaram. Por sua vez, fez com que o Khmer Vermelho os punisse severamente. A punição começou com chicotadas de vara de bambú, seguido pelo grupo chutando e gritando como se fosse um jogo divertido para eles. Após o primeiro grupo de crianças serem punidas e humilhadas na frente de todos, eu estava desesperadamente tentando me controlar. O pânico e a ansiedade devem ter me ajudado a controlar a vontade de vomitar. Creio que isso foi verdade para todas as outras crianças naquela noite. No final, este foi apenas um jogo para o Khmer Vermelho.
Meu irmão mais velho havia casualmente me observando de longe. Uma noite antes da reunião noturna de propaganda, ele abruptamente veio até mim e me pediu para ficar perto dele após a reunião. Ele tinha vasculhado algumas áreas onde poderíamos fugir sem causar muita distração. Quando a reunião terminou, durante o nosso caminho de volta para os complexos habitacionais, ele me agarrou e nós saltamos para dentro de altos arbustos. Algumas crianças notaram a nossa fuga, mas como eles foram ensinados a manter tudo para si mesmos, não alertaram o Khmer Vermelho ou os grupamentos. Nós nos escondemos nos arbustos, até que todos haviam retornado para os complexos habitacionais. Ele calmamente sussurrou que correríamos de volta para a aldeia para ver a mamãe e o papai. Quando eu soube, não pude estar mais animado, pois pela primeira vez em muito tempo os veria. Ele me pediu para ficar bem tranquilo e então se levantou ficando descoberto fora do mato, um grupamento o avistou e então ele saiu correndo. Eu ainda estava escondido atrás dos arbustos e extremamente assustado. Não sabia o que fazer a não ser continuar me escondendo no meu lugar, esperando que meu irmão voltasse para mim. Nunca me senti tão sozinho e com medo. Meu ataque de pânico fez com que eu quase desmaiasse, mas esperei e esperei, porém ele jamais retornava. Até que então tudo ficou muito calmo e eu pensei que todos eles devessem estar dormindo, mas ainda assim, eu não sabia o que fazer. Então pensei em procurar pelo meu irmão e isso me deu a coragem para sair. Caminhei para o complexo habitacional que era construído de forma elevada do chão. O nível da água debaixo do complexo estava até o meu peito. No escuro, eu caminhei de volta e comecei a espiar através das rachaduras no piso de madeira procurando por meu irmão. Foi então que finalmente o encontrei amarrado em um poste em um canto. Ele havia sido espancado e seu rosto estava ensanguentado. Pela fresta, pude vê-lo e então sussurrei para chamar sua atenção. Ele finalmente abriu os olhos e me viu. Olhamos um para o outro em silêncio por um longo tempo. Em seguida, com o rosto triste, ele me instruiu a seguir o caminho para ver a mamãe. Eu balancei a cabeça e relutantemente me afastei, flutuando em direção à parte de trás do complexo em meio aos arbustos. Do outro lado da mata, eu avistei e corri para próximo de um outro fugitivo. Era uma menina mais velha e fiquei muito feliz em vê-la. Ela não falava comigo, mas sinalizou para eu ficar quieto e parado. Obedeci e silenciosamente me escondi a seu lado. Tivemos que esperar até o amanhecer, até que ela finalmente ela decidiu que era seguro para nós começarmos a nossa jornada. Caminhamos juntos por algum tempo, antes de nos dividirmos indo para aldeias diferentes.
Em uma ocasião, no final da noite um pequeno grupo de Khmer Vermelho veio a nossa cabana para questionar meu pai e talvez estavam preparados para levar toda a nossa família. Foi por causa de uma acusação dada por um jovem rapaz, que estava com meu pai no início da noite e que quando foi pego roubando grãos de arroz crús nos campos de arroz, o adulto que estava com ele fugiu. Meu pai estava em choque e sem fala. Depois de se recompor, e sabendo que isso era muito sério, ele educadamente disse que isso não era absolutamente verdade, pois ele e sua família estavam apenas em uma reunião familiar noturna da aldeia. O Khmer Vermelho respondeu em voz alta, dizendo que as crianças nunca mentiam. Meu pai educadamente, mas muito nervoso, pediu-lhes para verificar com o líder da aldeia, que poderia confirmar que ele nos viu em seu encontro. Felizmente, nossa história foi confirmada e fomos poupados. No entanto, continuamos a viver no medo constante. Alguns meses mais tarde, uma vez que os campos de arroz haviam sido colhidos, o Khmer Vermelho obrigou a todos na aldeia a mudar para uma outra aldeia muito maior e com muito mais pessoas. Nós caminhamos por um dia, e depois fomos transportados de barco para Battambang. Uma vez em Battambang, nós caminhamos por mais um dia para chegar a uma aldeia rural. Todos os recém-chegados foram forçados a viver com uma família já existente na mesma cabana cheia, ou na parte inferior de uma cabana de já habitada por outra família existente. Fomos colocados na parte inferior de uma cabana porque havia seis de nós. Meus pais foram divididos em grupos de trabalho separados. Minha irmã mais velha foi deixada para cuidar de sua irmã bebê. Meu irmão e eu fomos levados junto com outras crianças para um campo de trabalho juvenil. Eu tinha acabado de chegar ao meu sétimo aniversário. Minha mãe pedia desesperadamente ao Khmer Vermelho para permitir que eu ficasse com ela, mas eles à forçaram, empurrando-a para o lado e ameaçando bater nela.
No campo de trabalho juvenil, havia algumas centenas de crianças e fomos informados de que já não precisaríamos de nossos pais e que pertencíamos a Angka. Existiam vários complexos habitacionais comuns em que eles separavam os meninos e as meninas. Eles ainda separaram as crianças em grupos de 15 a 20. Cada grupo era liderado por um jovem soldado do Khmer Vermelho e seus grupos adolescentes. Meu irmão e eu fomos colocados em grupos de trabalho separados e em alas separadas, pois o conceito de família era estritamente proibido. Não haviam camas, cobertores, e espaço suficiente para nós. À noite, dormíamos no chão de madeira em uma área aberta cheia de crianças. Lembro-me de receber frequentes picadas de insetos e arranhões por lascas de madeira à noite. Nenhum de nós era autorizado a falar com o outro. Cada um de nós vivia num mundo de silêncio entre as outras crianças. Eu estava extremamente assustado e ainda forçado a crescer para cuidar de mim mesmo. Nós éramos tratados duramente, forçados a acordar às 5 horas da manhã para começar o dia de trabalho. No início, havia alguns de nós que tinham dificuldades em levantar tão cedo de manhã e choravam. Depois de serem disciplinados com varas de bambú, nós nunca mais chorávamos ou nos queixávamos novamente. Em uma idade tão jovem, eu tinha muitas saudades da minha mãe, mas eu tinha muito medo de chorar ou mostrar qualquer emoção. Eu me segurava e seguia as regras para sobreviver. Ficava sempre calmo, mantinha minha cabeça baixa e nunca olhava para o grupo de jovens ou o Khmer Vermelho diretamente, a fim de não provocar ou dar-lhes uma razão para me punir. Algumas crianças foram punidas por nenhuma razão, punições que variavam entre ser empurrado, menosprezado, e até não receber comida. Eu vivia em constante medo e sofria uma alta ansiedade ao sinal do Khmer Vermelho ou seus grupos designados. Fomos forçados a trabalhar com a colheita no campo de arroz de trigo, levando o trigo, fertilizando o campo de arroz, construindo pequenos reservatórios de água, e no seu plantio. Haviam reuniões de propaganda pelo Khmer Vermelho toda as noites, onde continuaram a lavagem cerebral em todos nós. Recebíamos duas refeições por dia, uma no almoço e outra no jantar. A refeição era nada mais do que uma pequena tigela de mingau de arroz aguado. Com o passar do tempo, cada tigela de mingau de arroz tornou-se mais e mais aguada. À noite eu me sentia solitário, mas mais importante, eu sentia muita saudade da minha mãe. Eles mantiveram o meu irmão mais velho longe de mim, pois o conceito de família não era permitido. Eu me sentia sujo e cansado, mas principalmente com fome e frio durante a noite para se preocupar ou ter qualquer desconforto. Sentia-me triste e desanimado com o passar do tempo.
O Khmer Vermelho promoveu as crianças que eram verdadeiramente das "antigas" famílias camponesas para seu grupo de jovens. Eles serviram como guardas para manter um olho em todos nós ao longo do dia. Esses ignorantes jovens eram os mais perigosos, pois apreciavam seu novo poder concedido diante das "novas" crianças moradoras da cidade. Gostavam de denunciar e nos punir por menor que fosse a infração, e por vezes, por nenhuma razão. Eles tornaram muito difícil para mim procurar meu irmão mais velho, uma vez que o conceito de família foi abandonado junto com a fala e o agrupamento, não era possível chegar perto de ninguém. Na verdade, eu fingia não perceber o meu irmão quando eu o avistava de vez em quando de longe. Eu estava com muito medo de ser pego e punido por sequer pensar em desobedecer. Vivia com um medo constante. Então eu aprendi a guardar tudo para mim mesmo. Uma noite, o Khmer Vermelho e os recém-promovidos grupos de jovens, nos puseram em uma celebração. Eles nos forneceram todo o mingau de arroz que podíamos comer. Não necessário dizer, que como eu estava com muita fome, eu comi tanto e tão rápido que até me senti mal. Na verdade, algumas das crianças ficaram doentes de tanto comer e vomitaram. Por sua vez, fez com que o Khmer Vermelho os punisse severamente. A punição começou com chicotadas de vara de bambú, seguido pelo grupo chutando e gritando como se fosse um jogo divertido para eles. Após o primeiro grupo de crianças serem punidas e humilhadas na frente de todos, eu estava desesperadamente tentando me controlar. O pânico e a ansiedade devem ter me ajudado a controlar a vontade de vomitar. Creio que isso foi verdade para todas as outras crianças naquela noite. No final, este foi apenas um jogo para o Khmer Vermelho.
Meu irmão mais velho havia casualmente me observando de longe. Uma noite antes da reunião noturna de propaganda, ele abruptamente veio até mim e me pediu para ficar perto dele após a reunião. Ele tinha vasculhado algumas áreas onde poderíamos fugir sem causar muita distração. Quando a reunião terminou, durante o nosso caminho de volta para os complexos habitacionais, ele me agarrou e nós saltamos para dentro de altos arbustos. Algumas crianças notaram a nossa fuga, mas como eles foram ensinados a manter tudo para si mesmos, não alertaram o Khmer Vermelho ou os grupamentos. Nós nos escondemos nos arbustos, até que todos haviam retornado para os complexos habitacionais. Ele calmamente sussurrou que correríamos de volta para a aldeia para ver a mamãe e o papai. Quando eu soube, não pude estar mais animado, pois pela primeira vez em muito tempo os veria. Ele me pediu para ficar bem tranquilo e então se levantou ficando descoberto fora do mato, um grupamento o avistou e então ele saiu correndo. Eu ainda estava escondido atrás dos arbustos e extremamente assustado. Não sabia o que fazer a não ser continuar me escondendo no meu lugar, esperando que meu irmão voltasse para mim. Nunca me senti tão sozinho e com medo. Meu ataque de pânico fez com que eu quase desmaiasse, mas esperei e esperei, porém ele jamais retornava. Até que então tudo ficou muito calmo e eu pensei que todos eles devessem estar dormindo, mas ainda assim, eu não sabia o que fazer. Então pensei em procurar pelo meu irmão e isso me deu a coragem para sair. Caminhei para o complexo habitacional que era construído de forma elevada do chão. O nível da água debaixo do complexo estava até o meu peito. No escuro, eu caminhei de volta e comecei a espiar através das rachaduras no piso de madeira procurando por meu irmão. Foi então que finalmente o encontrei amarrado em um poste em um canto. Ele havia sido espancado e seu rosto estava ensanguentado. Pela fresta, pude vê-lo e então sussurrei para chamar sua atenção. Ele finalmente abriu os olhos e me viu. Olhamos um para o outro em silêncio por um longo tempo. Em seguida, com o rosto triste, ele me instruiu a seguir o caminho para ver a mamãe. Eu balancei a cabeça e relutantemente me afastei, flutuando em direção à parte de trás do complexo em meio aos arbustos. Do outro lado da mata, eu avistei e corri para próximo de um outro fugitivo. Era uma menina mais velha e fiquei muito feliz em vê-la. Ela não falava comigo, mas sinalizou para eu ficar quieto e parado. Obedeci e silenciosamente me escondi a seu lado. Tivemos que esperar até o amanhecer, até que ela finalmente ela decidiu que era seguro para nós começarmos a nossa jornada. Caminhamos juntos por algum tempo, antes de nos dividirmos indo para aldeias diferentes.
Eu estava sozinho novamente, mas não importava pois eu estava muito cansado, fraco e com muita fome. No caminho, me deparei com alguns campos de arroz e sem hesitação, fui de imediato para lá e comecei a puxar e comer o trigo de arroz cru. Eu continuei a comer e comer até que eu ouvi alguém gritando comigo. Então percebi que alguém estava tomando conta daqueles campos de arroz. Parei imediatamente e corri o mais rápido que pude através do arrozal, e continuei correndo até que percebi que estava fora do campo de arroz. Olhei para trás e notei que eu já não estava mais sendo perseguido. Continuei andando até me deparar com um pequeno rio que eu tinha que atravessar. Comecei a atravessar o rio lentamente e quando cheguei ao meio, a água já estava até meus ombros. Como eu estava muito cansado, com fome e fraco, a correnteza me levou. Eu lutei contra a corrente que me empurrou ainda mais em seu fluxo e sem saber o quão longe a corrente tinha me levado rio abaixo, finalmente parei enrroscado em uma rede de pesca. Eu estava literalmente me afogando neste momento, quando em seguida, o pescador que havia colocado a rede de pesca, veio e me puxou para fora da água. Ele estava zangado pois eu havia arruinado sua chance de pegar peixes e pior ainda, danificado sua rede de pesca. Estava no chão recuperando o fôlego e o velho não tinha nada com ele, exceto um balde com alguns peixes. Ele teve pena de mim e estendeu a mão para o balde pegando um pequeno peixe. Ele o partiu ao meio, o matando instantaneamente e me entregou dizendo para comê-lo. Eu comi o peixe inteiro, incluindo a cabeça e qualquer outra coisa que eu poderia mastigar ou engolir. Depois disso, olhei para ele e balancei a cabeça como um gesto de agradecimento. Em um tom irritado, ele me disse para ir em frente. Eu sai correndo, me dirigindo para a aldeia encontrar minha mãe. Uma vez na aldeia, encontrei minhas irmãs em casa. Fiquei feliz em saber que os meus pais ainda estavam vivos, trabalhando nos campos de arroz. À noite, quando meus pais voltaram, fiquei muito feliz em vê-los, especialmente minha mãe. Eu me senti são e salvo naquele momento. Expliquei aos meus pais o que havia acontecido com o meu irmão e eu. Eles ficaram tristes ao ouvir sobre o meu irmão, mas ao mesmo tempo felizes em saber que ele estava vivo. Eles compartilharam o pouco do que tinham para comer, o que era praticamente nada. Naquela noite meu pai saiu calmamente da sala, pois ele tinha encontrado um buraco de rato. Ele enfiou a mão dentro do buraco e tirou um filhote bebê de rato minúsculo que tinha acabado de nascer. Ele o colocou na boca e engoliu. Então continuou e fez o mesmo com um segundo filhote. Eu podia ver o esgotamento extremo no rosto do meu pai. Ele tinha se tornado muito magro e ósseo. Era a fome ao seu extremo, pois todos nós não hesitaríamos em comer qualquer coisa para sobreviver. Minha mãe continuava a ser uma senhora forte, fazendo o que fosse necessário para cuidar de sua família. No dia seguinte, meus pais foram trabalhar bem cedo pela manhã como faziam normalmente. Durante o dia o líder da aldeia veio até mim. Ele e mais um outro, gritaram, empurraram e me chutaram. Ele disse que eu não pertencia àquele lugar e perguntava por que eu havia voltado. Mas não importava, pois ele dizia que iria me punir. Seus guardas me levaram de volta para o campo de trabalho juvenil. De volta ao acampamento, eles me fizeram um exemplo para que os outros não pensassem duas vezes na tentativa de escapar. Eles me amarraram à uma árvore e me batiam algumas vezes com uma vara de bambú, anunciando que isto aconteceria a quem tentasse escapar. Eu não esboçava emoções e algumas vezes, os desafiava enquanto eles me batiam. Eles me deixaram lá sem comida e água. Pareceu uma eternidade, mas provavelmente não mais do que a metade de um dia.
Eu sobrevivi mas eles mantiveram um olhar atento em mim, cismando sempre comigo e frequentemente me obrigando a fazer trabalho extra, geralmente em torno das áreas dos complexos habitacionais juvenis. Até então, eu era um indivíduo sem emoções, insensível e sem esperanças. Parei de pensar e sonhar acordado. É como se eu fosse um morto-vivo.
Com o passar do tempo, todos nós estávamos ficando cada vez mais fracos. Com a queda de produção na colheita de arroz, o Khmer Vermelho reduziu drasticamente o nosso consumo. Na maioria das vezes, nós só recebíamos uma refeição por dia, que era principalmente água e às vezes nenhuma refeição. Todos nós tínhamos uma grande cabeça óssea, o corpo magro, e onde você podia ver nossos ossos e estômago inchado (clique para ver imagem de exemplo). As crianças começaram a morrer em grandes números de fome e doenças. Alguns morriam a noite durante o sono, alguns morriam no campo de trabalho, e outras simplesmente desmaiavam e morriam. A fome causava diarreia nas crianças devido à deficiência de vitaminas. Fui muitas vezes obrigado a limpar o dormitório dos mortos e diarreias. Ambos os meus pés estavam inchados e a parte do meu tornozelo esquerdo estava gravemente doente e infectada. Isso me deixou uma desagradável marca na perna esquerda. Perto do fim, a maioria de nós ficava postada ou sentados no chão, sem forças, simplesmente à espera da morte.
Em 07 de janeiro de 1979, o Khmer Vermelho foi deposto pelo Exército vietnamita. Se tivesse sido adiado por mais alguns dias, creio que teria morrido de fome como ocorreu com muitas outras crianças no campo de trabalho juvenil. Neste dia, meu irmão mais velho e eu nos encontramos no campo de trabalho. O Khmer Vermelho tinha recuado para as áreas remotas e todas as crianças que sobreviveram, incluindo meu irmão e eu, imediatamente fomos para cada uma das nossas respectivas aldeias encontrar nossas famílias. A emoção e esperança de liberdade nos deram toda a força, pois todos nós esperávamos ver nossos pais. Pouco depois, os jornalistas estrangeiros desceram em Phnom Penh, Camboja, para cobrir a queda do Khmer Vermelho e tiveram uma descoberta chocante. Aqui está um relato de um dos primeiros jornalistas:
[Fonte: Killing, Death Camps and Horror Under The Khmer Rouge by Jeffrey Hays]
Com o passar do tempo, todos nós estávamos ficando cada vez mais fracos. Com a queda de produção na colheita de arroz, o Khmer Vermelho reduziu drasticamente o nosso consumo. Na maioria das vezes, nós só recebíamos uma refeição por dia, que era principalmente água e às vezes nenhuma refeição. Todos nós tínhamos uma grande cabeça óssea, o corpo magro, e onde você podia ver nossos ossos e estômago inchado (clique para ver imagem de exemplo). As crianças começaram a morrer em grandes números de fome e doenças. Alguns morriam a noite durante o sono, alguns morriam no campo de trabalho, e outras simplesmente desmaiavam e morriam. A fome causava diarreia nas crianças devido à deficiência de vitaminas. Fui muitas vezes obrigado a limpar o dormitório dos mortos e diarreias. Ambos os meus pés estavam inchados e a parte do meu tornozelo esquerdo estava gravemente doente e infectada. Isso me deixou uma desagradável marca na perna esquerda. Perto do fim, a maioria de nós ficava postada ou sentados no chão, sem forças, simplesmente à espera da morte.
Em 07 de janeiro de 1979, o Khmer Vermelho foi deposto pelo Exército vietnamita. Se tivesse sido adiado por mais alguns dias, creio que teria morrido de fome como ocorreu com muitas outras crianças no campo de trabalho juvenil. Neste dia, meu irmão mais velho e eu nos encontramos no campo de trabalho. O Khmer Vermelho tinha recuado para as áreas remotas e todas as crianças que sobreviveram, incluindo meu irmão e eu, imediatamente fomos para cada uma das nossas respectivas aldeias encontrar nossas famílias. A emoção e esperança de liberdade nos deram toda a força, pois todos nós esperávamos ver nossos pais. Pouco depois, os jornalistas estrangeiros desceram em Phnom Penh, Camboja, para cobrir a queda do Khmer Vermelho e tiveram uma descoberta chocante. Aqui está um relato de um dos primeiros jornalistas:
[Fonte: Killing, Death Camps and Horror Under The Khmer Rouge by Jeffrey Hays]
Resumo:
“A maioria das vítimas do Khmer Vermelho morreram de doenças e fome. Tantos morreram que o Khmer Vermelho não conseguiu eliminar todos os corpos. Um jornalista da Alemanha Oriental que visitou Phnom Penh, em 1979, no final do governo do Khmer Vermelho disse para National Geographic: a cidade tinha muitos cadáveres espalhados, o cheiro era horrível e helicópteros voaram pulverizando desinfetantes. Em 1980, um diplomata soviético disse que ele não podia andar nas ruas laterais, o cheiro era horrível. Cerca de 100.000 pessoas viviam em Phnom Penh naquele momento.“
“A maioria das vítimas do Khmer Vermelho morreram de doenças e fome. Tantos morreram que o Khmer Vermelho não conseguiu eliminar todos os corpos. Um jornalista da Alemanha Oriental que visitou Phnom Penh, em 1979, no final do governo do Khmer Vermelho disse para National Geographic: a cidade tinha muitos cadáveres espalhados, o cheiro era horrível e helicópteros voaram pulverizando desinfetantes. Em 1980, um diplomata soviético disse que ele não podia andar nas ruas laterais, o cheiro era horrível. Cerca de 100.000 pessoas viviam em Phnom Penh naquele momento.“
Estima-se que pelo menos 20.000 valas comuns, conhecidos como os “Campos de execução”, já foram descobertos em conformidade com a Wikipedia em Genocidio Cambojano.
Traduzido por Francisco Ribeiro